COE – Centro de Oftalmologia Especializada

Córnea

CÓRNEA é a parte da frente do globo ocular e é também a principal lente de foco do olho, responsável pela focalização dos raios de luz na retina.

É o único tecido totalmente transparente do corpo humano e sua estrutura normal não possui vasos sanguíneos. É inervada pelo maior número de terminações nervosas por milímetro quadrado do nosso organismo.

Possui uma espessura média de 0,50 mm na região central e é composta por cinco camadas: epitélio, camada de Bowman, estroma, membrana de Descemet e endotélio, cada uma delas com suas características e funções próprias.

Compreendendo melhor o que essas cinco camadas da córnea:

  • Epitélio: é a camada mais superficial e principal linha de defesa contra a
    penetração de microrganismos. Corresponde a cerca de 10% da espessura da córnea e possui alta capacidade de regeneração, sendo necessários apenas 7 dias para sua renovação completa.
     
  • Camada de Bowman: é formada a partir das fibras da camada abaixo dela, o estroma, e sua função é principalmente de sustentação.

  • Estroma: parte mais espessa da córnea, sendo responsável por cerca de 90% de sua espessura total. É a parte estrutural e onde residem as células responsáveis pelo metabolismo da córnea: os ceratócitos.

  • Membrana de Descemet: é a base de sustentação do endotélio, formada apenas por proteínas, não possui células vivas.
  • Endotélio: a parte mais nobre e delicada da córnea. É constituído por uma camada única de células sem capacidade de regeneração. Desempenha função indispensável para a manutenção da transparência da córnea, impedindo que o líquido que circula na parte interior do olho penetre nela.

Anel intra-estromal (anel de Ferrara®)

Se tratam de anéis de acrílico, ultrafinos, transparentes e semicirculares para serem inseridos entre as camadas da córnea e que podem criar uma visão mais nítida em pacientes com baixa acuidade visual em função do Ceratocone.

Esses anéis são uma alternativa para os pacientes que apresentam dificuldade visual com o uso de óculos ou intolerância ao uso das lentes de contato e podem, muitas vezes, adiar ou evitar a necessidade do transplante de córnea. Os anéis regularizam a superfície da córnea, reduzindo o astigmatismo e a distorção em forma de cone resultante do Ceratocone. O implante permite que se dê uma nova forma à córnea, sem a remoção de nenhum tecido.

O procedimento é relativamente rápido (em torno de 20 minutos), indolor e apresenta baixo índice de complicações. Geralmente são implantados 2 segmentos de anel; entretanto, em alguns casos onde o Ceratocone é periférico, pode ser implantado apenas 1 segmento de anel. A recuperação visual é gradual e mais significativa nas primeiras semanas; são necessários cerca de 3 meses até a estabilização completa da visão.

Os anéis são desenhados para serem permanentes, embora possam ser substituídos ou até removidos se a visão necessitar de mudança com o decorrer do tempo. Não se sente a presença dos anéis e eles não são mais visíveis do que lentes de contato, não necessitando de nenhuma manutenção.

Transplantes de Córnea

O Transplante de Córnea, ou Ceratoplastia, é uma cirurgia na qual a córnea doente é substituída por uma córnea doadora saudável. Quando todas as camadas da córnea estão doentes, necessitamos substituí-la em toda a sua espessura, procedimento ao qual damos o nome de Transplante Penetrante.

Até bem pouco tempo, essa era a única maneira de se transplantar uma córnea. Nos últimos anos, a Ceratoplastia passou por uma verdadeira revolução. Hoje as modernas técnicas de transplante lamelar nos permitem substituir apenas as camadas da córnea que realmente estão doentes, mantendo intacta a parte saudável.

Preservando a parte boa da córnea do receptor tornamos a cirurgia menos invasiva, obtemos melhores resultados visuais, menor tempo de recuperação e redução significativa do risco de rejeição. Os transplantes lamelares são divididos em: lamelar profundo, quando apenas a parte da frente da córnea é substituída; e endotelial, quando a parte posterior da córnea é trocada.

Transplante Penetrante:

Cirurgia onde a parte central da córnea doente é trocada, em toda a sua espessura, pela parte central de uma córnea doadora saudável. Uma maneira simples de compreender essa cirurgia é pensar na troca do vidro de um relógio. A nova córnea é fixada no olho receptor por 16 pontos cirúrgicos, utilizando fio especial e muito fino de nylon. Esses pontos são retirados pelo oftalmologista à medida em que a cicatrização se processa.

A recuperação da visão é lenta e o resultado final obtido após cerca de 1 ano. O resultado refrativo (grau do olho) é variável e é muito comum a presença de miopia e/ou astigmatismo residual ao final da retirada dos pontos, necessitando do uso de óculos e/ou lentes de contato para se atingir boa visão.

A rejeição é a mais temida complicação, e necessita ser diagnosticada e manejada com urgência pelo seu oftalmologista. Felizmente, o número de transplantes penetrantes tem diminuído muito nos últimos anos, com o advento das modernas técnicas de transplantes lamelares.

Transplante Lamelar Profundo (DALK):

Técnica moderna e avançada de transplante onde apenas as camadas anteriores da córnea são removidas, preservando sua camada mais profunda e nobre: o Endotélio. Tecnicamente mais complexa e difícil que o transplante penetrante, é também conhecida pela sua sigla em inglês: DALK (Deep Anterior Lamellar Keratoplasty).

É indicada para tratamento de patologias que acometem apenas as camadas da parte da frente da córnea, como cicatrizes e principalmente o Ceratocone. O Ceratocone é uma doença do Estroma corneano, onde o Endotélio é absolutamente saudável. O Endotélio é a porção mais antigênica da córnea, ou seja, a que mais induz rejeição.

Como no transplante lamelar profundo o Endotélio não é substituído, a sobrevida do enxerto é a mesma de uma córnea normal não transplantada e não há o risco de rejeição endotelial.

Transplante Endotelial (DMEK):

A mais avançada das técnicas cirúrgicas de transplante de córnea, desenvolvida pelo oftalmologista holandês Dr. Guerrit Melles no inicio do século XXI, consiste na substituição apenas das duas camadas mais internas da córnea: Membrana de Descemet e Endotélio. O Endotélio é a camada mais nobre e importante da córnea e possui uma característica incomum no corpo humano: suas células não se multiplicam e nem se regeneram quando danificadas.

Com o tempo, algumas doenças ou cirurgias podem danificar a fina e frágil camada de células endoteliais. Sem essa camada, o líquido que circula na parte interna do olho pode se acumular na córnea, tornando-a inchada. Inchada a córnea perde sua transparência e a visão, por sua vez, torna-se permanentemente embaçada. A essa condição, damos o nome de Ceratopatia Bolhosa.

No passado, a única maneira de tratar a Ceratopatia Bolhosa era pela substituição da córnea em toda a sua espessura. Os resultados eram variáveis e o tempo de recuperação em torno de 1 ano. Hoje em dia, a técnica conhecida pela sigla em inglês DMEK (Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty), permite que apenas as camadas danificadas sejam substituídas. É criada uma incisão de cerca de 2 mm na borda da córnea, por onde a camada de células endoteliais doente é retirada e uma fina camada contendo as células doadoras dobrada é introduzida.

Na maior parte das vezes não há necessidade de suturas e o grau do olho não é alterado. O tempo de recuperação é de apenas algumas semanas e diferentemente do transplante penetrante, onde a resistência do globo ocular fica comprometida, no DMEK a estrutura e anatomia originais do olho são preservadas.

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